A prática da percussão com copos em contextos educacionais destaca-se como uma ferramenta poderosa para engajar crianças e adolescentes na experiência musical.
Mais do que um simples jogo, essa atividade cria um ambiente propício para a apreciação, execução e compreensão da música. Inspirando-se nas teorias de Hans-Georg Gadamer sobre a arte e o jogo, essa prática demonstra como o envolvimento musical pode transcender a mera execução técnica, atingindo tanto os performers quanto os espectadores.
Transformação do Ambiente Escolar
Durante as performances com copos, a dinâmica escolar transforma-se. O refeitório, por exemplo, converte-se em um auditório vibrante, onde o silêncio e a atenção do público contrastam com a habitual algazarra do cotidiano escolar. Essa mudança é um testemunho do poder de concentração e da seriedade que as crianças dedicam ao jogo musical, como observado por Gadamer.
A prática contínua e repetitiva não é apenas uma necessidade técnica, mas uma manifestação do desejo intrínseco das crianças de explorar, jogar e criar música, refletindo o conceito de Gadamer de que o movimento do jogo não visa um fim, mas se renova constantemente em sua execução.
Coreografia e Coordenação Motora
A percussão com copos não é apenas uma atividade lúdica; ela envolve também uma forte componente coreográfica e de coordenação motora, além de ser um veículo para a aprendizagem rítmica e musical.
As crianças, muitas vezes sem perceber, engajam-se em uma dança de movimentos precisos que asseguram a sincronia dos toques e ritmos. Isso facilita a internalização de conceitos musicais fundamentais, como a notação de sons e silêncios, enquanto o próprio ato de jogar promove um entendimento mais profundo do movimento musical.
Incentivo à Criatividade
A criatividade desempenha um papel crucial nesse processo. Conforme argumentado por Viviane Beineke, a educação musical deve incentivar a improvisação e a composição, áreas frequentemente negligenciadas.
A prática com copos exemplifica essa abordagem, permitindo que as crianças reinterpretam canções tradicionais e exploram novas variações rítmicas e sonoras. A canção “Escravos de Jó”, por exemplo, é recriada com diferentes padrões e movimentos, ilustrando como a reprodução criativa pode transformar e enriquecer a experiência musical.
Desenvolvimento de Habilidades Interdisciplinares
Além de seu valor musical, a prática com copos facilita o desenvolvimento de habilidades interdisciplinares. Momentos de curiosidade, como a pergunta de uma criança sobre a escrita da palavra “copo”, demonstram como a música pode ser uma porta de entrada para outros domínios do conhecimento.
A atividade com copos não só ensina música, mas também promove habilidades linguísticas, cognitivas e sociais, contribuindo para a formação integral dos alunos.
Considerações Finais
Em conclusão, a percussão com copos revela-se uma abordagem eficaz e envolvente na educação musical, integrando teoria, prática e criatividade. Ela exemplifica como objetos simples podem se transformar em instrumentos poderosos de aprendizagem, resgatando a essência do jogo e da arte conforme descritos por Gadamer, e promovendo um ambiente educativo dinâmico e inclusivo.
PONICK, Prof. Dr. Edson. Percussão com copos: Do jogo ao fazer musical. In: XI Conferência Regional Latino-Americana de Educação Musical da ISME Educação musical latino-americana: tecendo identidades e fortalecendo interações, 2017, Natal. Anais… RN Natal. Disponível em: http://abemeducacaomusical.com.br/anais_isme/v1/papers/2404/public/2404-8679-2-PB.pdf